sexta-feira, 13 de julho de 2012

"Uso de animais na área de cosméticos ainda é preciso", diz pesquisadora

Mesmo com o aumento da pressão de consumidores e de entidades contra os testes de animais, é difícil mudar essa realidade na indústria da beleza. Mas é possível reduzir o uso das cobaias --e o Brasil já deu o primeiro passo nessa direção.

Um acordo entre a Anvisa e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), firmado no ano passado, criou o primeiro centro de estudos na América do Sul destinado a desenvolver métodos alternativos para validação de pesquisas que não usam animais.

O Bracvam (Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos) foi inspirado em um órgão similar que existe na Europa. Está na fase de credenciar laboratórios no Brasil aptos a realizar esses outros métodos.

CÓRNEA DE GALINHA

Já existe tecnologia para substituir vários testes feitos em animais. No teste de irritação dérmica, é possível usar modelos de pele humana reconstituída, em vez de cobaia viva. No lugar dos testes de irritação ocular em coelhos e ratos vivos já estão sendo usadas córneas de galinha ou de boi, retiradas após o abate.

Ensaios in vitro também são opção para substituir testes de toxicidade feitos na pele ou nas mucosas de animais. Algumas empresas de cosméticos utilizam esses modelos em laboratórios da Europa e dos EUA.

"Há uma grande possibilidade de desenvolvermos, a médio prazo, um bom leque de métodos alternativos aos testes em animais", diz Isabella Delgado, vice-diretora de pesquisa e ensino do INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde), da Fiocruz.

A pesquisadora ressalta, porém, que há casos em que os testes em animais não têm alternativa eficaz à altura. "O uso de animais na área de cosméticos, para se testar moléculas desconhecidas, ainda é necessário."

Ela explica as circunstâncias em que as novas metodologias não substituem o experimento em cobaias: é o caso dos testes feitos para avaliar se determinada molécula tem potencial cancerígeno ou se pode afetar a fertilidade de quem usa o cosmético.

"Nesses casos, não dá para prescindir dos testes em camundongos antes do uso em humanos. A saída é reduzir o número de cobaias utilizadas e será uma das frentes de atuação do Bracvam", conclui.

Outra pesquisa que ainda precisa de animais é a da mutagenicidade, feita para avaliar se um componente usado na fórmula do produto pode induzir mutações genéticas. "Não há alternativa validada para esse teste", diz Marcelo Sidi Garcia, gerente da divisão de cosméticos da Anvisa. "Não é possível banir totalmente os testes em animais, nem a Europa conseguiu. Mas é possível fazer os estudos de forma ética."

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